quinta-feira, julho 31, 2008

- Alô? Meu senhor,estou ligando para informar que houve um erro no envio da minha correspondência. Sim, está com o meu nome, mas o conteúdo não é referente ao meu pedido. Sim, meu senhor, já fiz o depósito de pagamento e tenho comprovante aqui comigo. Não, eu não-vou-estar-aguardando retorno algum, eu quero resolver agora meu problema, esse não foi o modelo que eu pedi. Não, não é meu número. É claro que é bonito, meu senhor, mas não se adapta a minha rotina e, infelizmente não supri as minhas necessidades. Ok, pode repassar.

- Oi. Qual o problema? Como assim qual o problema? Estou há mais de vinte minutos esperando que alguém resolva o meu problema e vem a senhorita me perguntar qual é o meu problema. Tudo bem, eu me acalmo. Ouça, o problema é que encomendei um amor pra mim, e mandaram o modelo errado, eu gostaria de trocar. Como assim não aceita trocas? Mas ele não se adapta a mim.

Maldito telemarketing, mandaram eu me adaptar a ele.

quarta-feira, julho 30, 2008

Dor de amor? Dói. Saudade? Dói. Traição? Dói. Indiferença? Dói. Insegurança? Dói. Ralado no joelho? Dói. Afta? Dói. Cólica? Dói. Soco no nariz? Dói.

mas passa...

O dia que eu deixar de ser impotente diante dos seus problemas, eu vou sentir essas dores, todas juntas, talvez, e nem vou notar. Porque a maior dor do mundo, eu to sentindo agora; te decepcionar.
Justo você que não vê meus defeitos, que me acha sempre linda, que diz que eu sou a mais inteligente, que me deu uma camiseta escrito isso. Você que derrete com qualquer olharzinho meu e faz o que eu quero só pra me ver dar um sorriso.
I´m sorry dad, eu sou fraca.

segunda-feira, julho 28, 2008

...e pela paz derradeira que enfim vai nos redimir...

Eu tenho vontade de explicar tanta coisa e não consigo. Ontem sonhei com você. Seus olhos não abriam, amor. Eu não entendi. Sonho tem dessas coisas de deixar a gente confuso, querendo achar um motivo pra tudo. Tua boca, amor, não falava. E eu sorria, te beijava os lábios que sequer se mexiam. Eu não entendi. Tuas mãos escorregavam das minhas, por mais força que eu colocasse pra segurar. Elas tavam tão frias, as tuas mãos que sempre me esquentaram. Amor, eu sonhei que você caia do meu abraço, e eu não entendia porque você preferia ficar ali deitado no chão, se meu colchão sempre tinha espaço pra você. Eu comecei a chorar, amor, e você nem ligou, nem se mexeu da posição que estava. Eu gritei, te chamei de egoísta disse aquelas coisas que a raiva diz quando fala pela gente. Mas eu me arrependi na hora, como eu sempre me arrependo. Escorreguei pro teu lado e te abracei. Juro que no meu sonho te ouvi dizer 'ta tudo bem'. Mas sonho, ah...sonho tem dessas coisas de agradar a gente às vezes.
Amor, eu ontem sonhei com você. Eu ontem quis que você não tivesse ido embora. Ontem eu quis que você abrisse os olhos, que você falasse. Ontem eu sonhei com você e quis, mais que tudo que um dia eu já quis, que você voltasse. não só em sonho.

domingo, julho 27, 2008

Você veio, pegou na cintura, sussurou no ouvido. Ela sorriu, tirou sua mão da cintura dela, falou olhando no seu olho, pra ver se o reflexo dela na lente do seu óculos dizia que ela tava bonita. Você ofereceu um drink, ela aceitou. Ela ofereceu a boca, você beijou. Tinha tudo pra rolar. Rolou. Você podia não ter enrolado ela, mas enrolou. Prometeu, desprometeu, jurou pela mãe morta, depois contou que era orfão. Ela disse que não ligava, mas por que mesmo você não percebeu que era mentira? Sim, ela ligava. Sim, ela chorou e foi muito atriz quando disse que não queria mais te ver. Mas todo palco fecha a cortina. E depois que ela fechou a dela, voltou pro seu abraço se sentindo tão sozinha. Você prometeu, desprometeu. E ela fingiu que acreditou. Mais uma vez. Você fez tudo de novo, ela sabia como ia acontecer. Ela tinha escrito aquele final. Vocês dois juntos, não se suportando mais. Vocês dois separados, não suportando mais a distância.
Eu sei reconhecer um whisky bom e puro de um falso ou aguado por um gelo derretido. Isso eu aprendi muito rápido e sempre treinei. Eu não sei distinguir os motivos que hoje ainda me deixam tão desconcertada. Eu não aprendi a dizer se meu coração dispara de saudade ou de dor. Do tudo que podia ter sido e não foi. De tudo que eu podia ter dito e não disse. De tudo que eu podia ter feito e sequer tentei. Eu não treinei meu coração, fui treinada. Adestrada. Saio por aí obedecendo o que ele quer. Eu choro, digo: pára, mulher, que besteira ainda chorar por isso. O whisky que eu tomo me diz pra eu ficar quieta e obedecer. Eu digo pros meus pés não se perderem no meio de tanto lençol, e eles respondem irônicos que procuram os teus. Minhas mãos, ridículas, escrevem cartas e cartas, e amassam porque eu mando, e reescrevem porque eu não as controlo. Queria saber quando foi que meu corpo deixou de ser meu. Queria saber quando foi que eu perdi o controle. Foi quando te conheci ou quando deixei de saber quem você era?
Agora meus olhos discutem com as lentes dos óculos, que cansaram de ficarem molhadas, sujas da maquiagem que você dizia que não combina com meu rosto. Mas o que eu vou fazer?
Eu vou continuar me maquiando, vou continuar chorando e sujando o rosto. Vou continuar dizendo que o whisky tá aguado, pedir pra fazer sem gelo e ouvir: esse whisky só será menos aguado quando você parar de chorar em cima dele.

sábado, julho 19, 2008

Quando ela era criança ficava se perguntanto quem ficava brincando de pintar o semáforo. Devia ser um homem pequenininho que sabia quando o carro tinha que passar ia lá e pintava: de verde, de vermelho, de amarelo...
Quem será que entregava as latinhas naquela caixa? um homem pequenininho que pegava a moedinha lá em cima, descia um corredor e entregava a latinha...
E paixão, quem será que coloca paixão no coração da gente? Deve ser um homem pequenininho que entra lá e coloca paixão no coração da gente...
Ela cresceu, até hoje não sabe quem foi que pintou o semáforo que fez aquele carro bater e matou tanta gente bonita. Que homenzinho mal. Ela ainda não sabe porque o homenzinho devolveu a moeda sem dar uma coca, naquele dia que ela tava com tanta sede.
Ela não sabe porque o homenzinho colocou paixão no coração dela. Paixão, ela acha, é sempre um pozinho em duas caixinhas. Uma caixinha fica no coração dela...outro pozinho, da outra caixinha, vai ficar no coração dele. O homenzinho, tão cruel, colocou todo pó no coraçao dela. Ela empoeirada de paixão. E ele limpo.
Depois de grande, entendeu que o semáforo não tinha culpa nenhuma quando o carro batia, e também que não tinha nenhum homenzinho pintando nem acendendo luz. Entendeu que se não tinha coca naquela caixa não é porque o homenzinho bebeu tudo, era só porque tinha acabado.

E a paixão? a paixão não é um pozinho que fica no coração da gente. Isso ela ainda não entendeu. Mas já sabe que a culpa não é do homenzinho. Paixão vem, vai. Coisa até de um dia. E se for pra botar a culpa em alguém, que se coloque em outro homenzinho. Um que era tudo, menos pequeno.

domingo, julho 13, 2008

Maquiagem. Desde quando eu tenho olheira? Opa, desde quando eu ligo se tenho olheira? Maquiagem. Lápis preto por fora, dizem que realça olho. Rímel, pros cílios que já são enormes. É, não vai dar pra por óculos. Melhor ficar sem enxergar por hoje. Hoje vale a pena. Toca o telefone. Oi querida, você vem aqui?É bom que a gente bebe um pouco antes de ir, lá a bebida é tão cara. Eu preciso relaxar antes de chegar lá..Lá a companhia pode ser muito cara...Bebi um, bebi dois. Meu batom saiu. Já volto, loira, vou retocar. Batom retocado. Vermelho. Que boca grande você tem, menina. Vamos? Vamos! Então vamos. Oi. Oi. Tudo bem? Tudo bem. Ahm. Você já desistiu daquela idéia? Já. Posso te dar uma idéia? Se você disser que não eu morro. É só uma idéia, se você disser que não eu...eu entendo. E você não disse nada. Eu sai andando. E você me chamou, pra não dizer nada. Pra dizer, simplesmente, que não tinha nada pra dizer. Não diz, mesmo, faz. E você fez. Você sempre faz.

'me aqueça, me vira de ponta cabeça. me faz de gato e sapato. ah...me deixa de quatro no ato. me enche de amor.'

sexta-feira, julho 11, 2008

Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente



Oi, to ligando pra dizer que agora você já pode parar de tentar se importar. Eu to indo embora mesmo, eu, justo eu que tinha decidido ficar. Não, você continua lindo, eu continuo querendo continuar em você, mas é dessas decisões que a vida obriga a gente a tomar. Quando a despedida é rápida, dói menos. Quando a gente se despede do que nunca foi, dói menos. Há pouco eu tinha te prometido, sem você pedir, que de agora em diante eu seria mais eu, e agora eu falaria...mas a voz que tinha resolvido falar agora se arrepende:
eu não digo mais nada.

quinta-feira, julho 10, 2008

Uma surpresa a saudade que tenho de quando ficávamos unidos. Nós, que sempre estivemos separados. Incrível como ecoa bem o meu gemido nesse teu ouvido de homem calado. Ainda me constrange o teu grito, e o jeito que me tratou. Me constrange a ponto de deixar trêmulas as mãos que você sujou. Eu me fiz submissa e já não posso olhar pra trás. Você me prendeu a cabeça, dizendo: esqueça, eu não paro mais. A minha dor eu senti silenciosa. O teu prazer foi todo teu. Hoje, que me faço saudosa, você já te esqueceu. Agora você mantém o silêncio e me comove seu sorriso rude. Agora eu volto pedindo quietinha: por favor, não mude!

quarta-feira, julho 09, 2008

Quando você for apaixonada por mim, eu vou te contar um segredo, te levar pra passear, te acordar com beijo, café e flor. Quando você for apaixonada por mim vou resgatar o R retroflexo e te chamar de meu amorrrr. No dia que você se apaixonar eu vou te pedir em namoro e dar uma rosa roubada. Quando você for apaixonada por mim vou te cantar ‘minha namorada’. Quando você for apaixonada por mim te levo pro cinema pra ver um filme romântico. Quando você for apaixonada por mim te escrevo bilhete até em sânscrito. Quando você for louca por mim, aqui em casa só vai tocar Chico. Por você eu trabalho num banco e prometo ser rico. Quando você se apaixonar por mim a gente vai andar de mão dada e bem devagar, porque gente apaixonada sempre acha que o resto pode esperar. Quando você for apaixonada por mim eu vou te levar pra comer pizza, eu sei que você adora. E prometo que de sobremesa até te consigo uma amora. Quando você for apaixonada por mim, vai dormir enrolada no meu braço. E eu quase nunca vou te deixar dormir, pra te ver morta de cansaço. Quando você for apaixonada por mim, eu deixo o cabelo comprido e paro de fazer a barba. Se você se apaixonar por mim prometo que um dia até ponho uma farda. Quando você se apaixonar por mim, te dou um apelido ridículo pra todo mundo rir. Eu te deixo me dar um também, pra você se divertir. Se tiver de tpm, te dou chocolate e carinho. Se tiver com saudade, prometo ser só seu um pouquinho. Quando você se apaixonar por mim paro de fazer promessa e viro gente decente. Se você se apaixonar, e só... Já vai ter sido suficiente.

segunda-feira, julho 07, 2008

A paixão ta me dando um tapa na cara toda vez que vou falar com ela. Disse que eu ando sumida, ando parando de fazer o que eu sempre fiz pra ela continuar ali, só existindo.
Eu ando preocupada, to começando a esquecer seu rosto. Será que um dia se eu te vir de novo eu não vou reconhecer? eu não lembro mais do teu cheiro.

A question well served,
'Is silence like a fever?'
'A voice never heard?'
'Or a message with no receiver?'

Fluxo de consciência só funciona quando o escritor é bom. 'um grande amor não se acaba assim feito espumas ao vento'. eu vou ouvindo as músicas. o petrucci e o fagner, na mesma lista de execução. você e eu nessa porra de confusão. 'desejo pegando fogo'. eu nessa porra de confusão. 'mas se eu fosse você eu voltava pra mim de novo'
e de novo
e de novo

eu descobri que eu sou repetitiva, tão repetitiva quantos os gemidos da Ana Carolina.
'eu queria tanto mudar sua vida, mas você não sabe se vai ou se fica'
eu sempre caio na mesma história e sempre consciente! eu tenho noção da burrice. e gosto de ser burra.
a ignorância é uma dádiva mesmo.

Pegou o telefone e tremia mais de ansiedade do que de frio.
Alô?
Não diz nada, cala a boca e me escuta.
Eu to tentando não acabar com tudo. Eu sempre disse que ia ser indiferente e não consegui. Agora, eu to lutando contra a minha (sempre boa) memória pra não te esquecer.
Eu to te vendo ir embora, do jeito que eu disse que iria. Au revoir, mon amour.

Ela gosta da pose de vítima. ah, ela gosta. Eu sempre fiz tudo pro nosso casinho dar certo. ' o que você não quer eu não quero insistir'. Desce desse ônibus e fica comigo aqui parado.

Tá sempre se arrependendo de ter começado as coisas. Por que foi que não bebeu menos, não deixou de criar coragem e não ficou quieta ao invés de perguntar: que tal nós dois? E por que foi que ele não disse um não tem nós dois, ao invés de beija-la? Pra que tanto carinho? Pra que tanta atenção. é tão mais fácil ser indiferente...

'no peito dos desafinados também bate um coração'.

Liguei pra floricultura hoje pra saber o preço das flores. Eu diria que não ando valendo muito. Eu diria que há muito tempo ela espera um bem boladinho de flor com um sorriso na cara.

a noite tava linda. mas o teu sorriso me engoliu não me deixou ver mais nada. teu sorriso branco, grande, me deixou presa nele de modo que eu não conseguia nem me mexer. você é lindo. deu um suspiro e perguntei 'ta pensando em que?' e você desfez o sorriso pra falar alguma bobagem. 'Será que você não é nada que eu penso?'
quando é que você vai ler os meus pensamentos?
Vinicius de Moraes escreveu crônicas e não mandou. Chico Buarque escreveu canções e não mandou. Pablo Neruda escreveu poemas e não mandou, acho até que a Hilda já escreveu bilhetes e também não mandou. Eu só não mando as cartas que escrevi, eu, uma pena...só me calo quando queria sentir.

domingo, julho 06, 2008

Eu sou forte, vou lá, vou dizer o que penso, como penso, o quero e como quero. Ele vai entender, vai achar justo, vai se arrepender e mudar. Tudo vai ser mais feliz. Vou dizer pra ele aquilo que o Guimarães dizia e que é verdade...

(O que? 'Viver é muito perigososo'?)

Não...

Vem cá, amormeuzinho

quinta-feira, julho 03, 2008

Desde que você foi embora eu resolvi não brincar com que já acabou. Guardei o que era bom, enterrei o que doía e fingi que esqueci. De tudo. Todo mundo me via por aí sorrindo, me apaixonando, e acreditava que tudo tinha ido embora. Mas não foi.
Encontrei o seu diário empoeirado embaixo da minha cama. A sua letra horrível, que só eu entendia. Encontrei toda a saudade que eu senti todos os dias que você não tava comigo. E eu fingia que era certa a sua visita, porque só assim eu conseguia ir levando os meus dias. Você tem razão..a gente não sabe o que vai acontecer no minuto seguinte e eu, meu deus, eu sempre te cobrei certezas. Mas era o jeito que eu tinha arrumado pra continuar almoçando (sem você) continuar estudando (sem você), continuar dormindo ou pelo menos tendo vontade de dormir (sem você). Você era meu prêmio. "Se você for uma boa menina, vai ter o seu grande amor no final de semana" e eu fui uma boa menina. Fui a melhor que eu pude. Será que é isso? "Mãe, eu largo as drogas, a bebida, eu largo os vícios, eu largo. Ele volta?". Não volta.

No teu diário tinha uma foto minha. Um pedaço do meu cabelo, coberto por você. Você me sujava toda, e era quando eu me sentia mais limpa. De sentimento. Meu deus, como eu te amei. Como faço pra cuspir isso agora? No teu diário você disse que sentia, e eu nunca percebi isso. Por que me fizeram tão sensível pra minha dor e tão insensível pro resto? Deve ser por isso que os quadros não fazem sentido pra mim, se não fui eu quem pintei.

Acho que eu vou queimar seu diário. Acho que eu vou tentar te esquecer de novo. Mas, você sabe e eu sei também, que o teu diário vai estar na minha lembrança todo dia. toda hora. Eu já me conformei que outro de você eu não terei. Ninguém entendia que eu preciso ganhar flores. Só você. Os hibiscos da rua estão murchinhos, nem dá vontade de pegar pra mim. E ainda que estivessem lindos, perderam a cor quando você passou por eles. Parou na sarjeta, sentou. e quase não conseguiu continuar...

A nossa diferença é essa. Você quase não conseguiu. Eu, querido, desisti de andar...