quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Ela tinha os meios mais simples para te esquecer: livrar-se de suas fotos, sua letra, seus livros, seus beijos. Apaixonar-se por outro, outros, outras. Enumerar seus defeitos, suas falhas, não ligar para sua saudade. Mas ela atravessou um oceano inteiro, porque achou que só assim conseguiria.

Tinha aprendido que não entenderiam, simplesmente, não entenderiam seus gestos, seus medos não entenderiam seus motivos. Não entenderiam sua falta de respeito, seu desprezo, não entenderiam sequer seus sorrisos.

Fez tudo pelo caminho mais difícil, como sempre: escolheu a profissão que ninguém acreditava, escolheu a aparência que poucos confiavam, escolheu ter tido uma grande paixão por pouco tempo, do que um caso eterno de carinho. Escolheu o impacto do vermelho, do que a calma do azul.

Todo dia se perguntava: Por que sempre opta pelo caminho que machuca mais? Por que sempre prefere aprender tudo do jeito mais sofrido?

Ontem, ela entendeu: um homem não vai menos perdido por caminhar em linha recta...("O ano da morte de Ricardo Reis", José Saramago). Então tá, assim é mais fácil.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

eram dois estranhos.de nada sabiam um do outro mais do que aquele outro naquele momento tinha que fazer. quase se engoliram de tão trôpegos de uma saudade de um tempo que nunca existiu; nem pra ele, nem pra ela. ela lembrava do seu cabelo comprido e de como aquilo tinha sido uma idéia de criança. ele lembrava dela exatamente do ponto onde o ser criança tinha passado.

Reconheciam-se porque o tempo, por mais cruel que pode ser, não apaga a memória. Leva os cabelos dele. leva a ingenuidade dela, mas não leva uma vontade guardada e quase esquecida no fundo do porta-mala daquele carro pequeno; sob medida.

O tempo, já dito cruel, passava na velocidade da luz, agora, que eles tentavam desesperadamente entrar um no corpo do outro. Ela não parava de pensar no que ele podia pensar; 'é ridículo, é loucura'. eram dois estranhos.

Na tentativa última de saber o mínimo daquele que podia ser a causa de uma insônia no dia seguinte ensaiou uma pergunta: você...
mas ficou quieta.

separaram-se, despediram-se: quem sabe um dia ele volte a ter cabelos longos e ela volte a ser ingênua. quem sabe um dia se esquecem de ter que lembrar pra continuar fazendo sentido...era melhor que fossem estranhos. ela tinha medo de se reconhecer nele.
ele tinha medo de lembrar-se dela.

domingo, fevereiro 01, 2009

Você poderia, por favor, dizer o que pensa sobre os homens?

Ah, os homens...os homens são ótimos. Eles podem fazer xixi em pé, puta tecnologia essa história de pênis né? Tirou, xixi, pronto. Acho genial. E tem aquela história do desapego. Ah, digníssimo como homem não se apega a nada, só a mãe, né..mas essas coisas de psicanálise explica o tal do édipo. Então, a questão é que sabem mentir muito bem. Isso eu invejo. Eles falam que você é linda com a facilidade que comentam o clima no elevador. Mentem, olhando nos olhos e tudo mais. Essa coisa de mentir descaradamente é uma evolução do ser humano, sabe? Tipo perder o rabo? A gente perdeu o rabo. Homem, definitivamente, é mais evoluído porque sabe mentir. Além disso tem a coisa da capacidade de abstração. Homem abstrai: abstração, nessa coisa de new age é luxo! 'ela tem pêlo em cima do nariz e um dente no céu da boca: e daí? é gostosa'. Queria ser assim, acho que uma capacidade de enxergar no ser humano que ele tem de melhor: a essência! Homem sabe ver essência...é diferente, sabe ser sensível, né? Os músicos, vamos falar dos músicos! Como são ótimos os músicos...eles tão lá, tocando, com uma tremenda capacidade de olhar todas as fãs-pseudo-groupies AO MESMO TEMPO e, obviamente, selecionar quem vai ser a tiéte da noite e tal. Acho bonito que eles não se prendem..tipo MADE IN BRAZIL dizia 'mulher de músico é a música', isso aí. Músico não se apaixona, só por música, e a gente se apaixona pelo músico, pela música do músico, pela baqueta do músico, pela palheta do músico e ele tá lá; devoto da tal melodia. Invejo os músicos.
Ai, não podia deixar de falar da questão social dos homens. A imagem socialmente construída dos homens é um luxo, minha gente: eles bebem, são boêmios e nós alcoolátras-desclassificadas-sem-família. Eles se drogam são descolados e nós perdidas. Eles trepam com todo mundo, são garanhões interessantíssimos, nós, biscates e afins; sem dizer que eles não depilam, não menstruam e não tomam A PORRA DA PÍLULA DO DIA SEGUINTE; afinal, se a camisinha estourou certamente não foi culpa da incapacidade do homem de colocá-la. Vai ver a mulher é que se mexeu demais...
Mas é assim mesmo, homem é metrossexual, mulher é peruona e fútil.
Mas sabe o que eu acho mais digno no sexo dito-não-frágil, além da incapacidade de chorar com facilidade? é que eu termino esse comentário, durmo triste, acordo....

....e me apaixono de novo...por outro homem, idêntico aos outros; porque eles são incapazes de ser diferentes.


[salvo meus amigos gays - a melhor invenção do pós-modernismo]