domingo, fevereiro 24, 2008

esse vício ainda me destruiria
vai me matando, hora a hora
dia a dia.
eu to dizendo, não é de agora
esse vicio me adia.

esse vício tirou meu sono
me cansa, me endoidece
esse vício é meu dono
esse vício não me esquece

abstinência, sou dependente
eu vou tremendo, vício ausente.
mata-me vício. termina agora
ou mata-me disso
ou leva-o embora

eu já disse, eu já disse
homem, ilícito: tu é meu vício!

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Filho-da-puta, acha que vai me deixar aqui, desse jeito e tudo bem? Vou pro bar, vou bonita, vou chifrar aquele cretino. Salto alto, batom vermelho, unha pintada. Sorri pro espelho. Eu to linda. TÁÁÁXI, me leva pra Augusta. Aí, pode parar. Eu gosto desse barzinho. Ei, garçom, uma tequila, por favor. Ele morre se me vir com essa saia. Fica bem em mim, todo mundo olha. Um bar com sete mesas cheias. Cheias de homem. Todo mundo me querendo e aquele estúpido dizendo o que disse. Deprimente. Garçom, tequila dupla e mais limão. Opa, brigada. Nossa que calor. Toma aqui, fica com o troco que eu to com pressa.

Eu to andando. Andando. Aqui ninguém me conhece. Olha só, que surpresa. Os carros tão parando. Eu vou olhar. Meu deus, eles pensam que eu sou prostituta. Ai, se minha família visse isso. Ai se...Nossa, como tem homem bonito nesses carros. Até parece que precisam pagar pra conseguir mulher. Mulher é um bixo tão fácil. O que? Eu? Eu cobro caro, meu amor. Da onde vem tanta felicidade, meu deus. Por que eu to tão feliz?

Oi, disponível, to. Aceito. Não, só tem uma condição, eu preciso voltar cedo. Ai, meu deus, é hoje que eu recebo por fazer o que eu sempre fiz de graça. Sim, são quatrocentos. Pode me chamar..Me chama do que você quiser, hoje você pode me dar o nome que quiser..meu deus, que carro lindo. Que homem horrível. Tudo bem, é só fechar o olho e pensar em outra coisa. Oi, ai. Não, desse jeito eu não gosto. Eu, eu falo quatro línguas, quer que eu goze em qual? Ah, beleza, não vai ser o primeiro orgasmo fingido da minha vida. Ok, vai..Nossa, ele não vai agüentar muito tempo, melhor pra mim. Ai, Oh, mon dieu! Beleza. Preciso ir. Telefone? Me passa o seu que eu te ligo. Ligo o caralho, velho. O prazer foi todo meu. Um beijo. Tchau.

Alô? Oi amor. Eu liguei pra dizer que eu te entendo...pra te dizer que eu te desculpo, de novo.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

mais uma que é pra ser música, também enviada pro guto colocar melodia..


Eu vou dizer a verdade

Vou acabar com teu sossego

To trazendo felicidade

Pro teu desespero

Eu to jogando flores na esquina

To cantando pro desconhecido

To dando bom dia com rima

To dançando esquisito

Mas é tudo por maldade

Essa coisa de sorrir

Eu to falando de saudade

Que é pra você desistir.

Pra sua tristeza

Eu to fazendo a gente feliz

To trazendo poesia

E você ta pedindo bis

Eu vou te deixar maluco

Com a minha mania de amor

Eu to te deixando tonto

Com esse cheiro de flor

Mas é tudo por maldade

Essa coisa de sorrir

Eu to falando de saudade

Que é pra você desistir.

Eu não vou te deixar ir embora

E minhas costas não darei

Eu vou dizer que te amo

Só pra te ouvir dizer: ‘eu sei’

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Eu sou cicatriz,

Antigo amor,

De quando você foi feliz;

Eu sou lembrança,

Passado amor,

do teu perfume

que era o meu

de quando o meu abraço

esquentava o teu.

Eu sou tua saudade,

Esquecido amor,

Do jeito que eu sabia

Como fazer o que você queria

Eu sou teu karma,

Grande amor,

Meu sorriso te acompanha

De dia, de tarde, na cama.

E o meu gosto

Teu beijo ainda pede

Um dia eu disse,

Lindo amor,

Amor meu não se esquece.

Um dia eu disse,

Findo amor,

Amor meu não se repete



[essa eu mandei pro Guto por melodia]

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Mãe, to te ligando pra dizer que eu to com um problema. Então, eu achei que ia passar, mas agora que ta piorando eu achei que era melhor te contar. Não, mãe, é claro que eu não to grávida. E por acaso gravidez passa? Ah, mãe, que maldade. Não, também não ando usando drogas pesadas, só as de sempre, você sabe. Então, mãe, o problema é que eu to pensando demais nele, to fazendo o que ele gosta, to mudando o mundo pra não ter ele que mudar. É. To pensando em futuro, em casamento, em filho, sabe? É, mãe. O negócio ta tenso. E lembra aquele papo de eu-não-vou-mais-me-apaixonar? Fudeu.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

"Eu sou sua alma gêmea, sou sua fêmea,
seu par, sua irmã
eu sou seu incesto
sou perfeita porque, igualzinha a você
eu não presto, eu não presto"

(Chico Buarque)

Engraçados vocês dois. Vocês não têm nada a ver, né? Não sei aonde vocês tão querendo chegar com essa história.

Ela, por azar ou não, nascera brasileira. Com sangue, animação e apaixonada por aquela música. Ele, inevitavelmente, era brasileiro, sem conhecer muito o encanto e a graça daquele país.

Sabia que ele gosta de Shakespeare? Fala dele que só vendo. Sim, o Shakespeare, aquele que você acha um chato de ler.

Ele gostava das imagens, e achava que falar e ouvir, ás vezes era desnecessário.

Ela não calava a boca, nem quando ele dormia. Falava, falava, falava e continuava com a sensação que ainda tinha mais para dizer.

Ei, você. Você sabia que ela é ciumenta? Louca. Maluca mesmo. Tem ciúme das suas amigas, acha todas impertinentes. Acha você seguro demais pro gosto dela. Já disse que você é inatingível com ciúme... ela vai pirar.

Ela ta de cabelo armado, unha e boca pintada. Ele preferia que ela fosse mais discreta.

Eu realmente não consigo entender. Você é água, ele é óleo. Não mistura, entende? Polar e apolar. Choque térmico, social, cultural e até astrológico. Baby, ele é aquário e você é touro, ta entendendo? Nunca vai dar certo. Pra que insistir?

Ele nem conhece direito música nacional e ela só sabe cantarolar mpb. Ele ai se preocupando com o almoço e ela pensando em beber. Ele fica entendendo de números e ela se importa com vírgulas e acentos.

Você vai até quando esperar que ele mude?

Você vai continuar tentando muda-la ?

Ela tem aquele sotaque que não decide se é caipira ou se é mineiro. Ele é da capital. Ele escuta rock´n roll e ela se remelexe com qualquer sambinha que tocar. Tão engraçada essa combinação. Ninguém entende. Eles andam agora com essa mania de dormirem abraçados. Vendo assim, parece até que da certo.

Ela ta fugindo, ta pensando em futuro, ta dizendo que ama. Ele ta sorrindo, abrindo os braços e não dizendo nada. Ela criou um mundo pra eles, logo muito logo ele conta pra ela que esse mundo não existe.

Nossa, eu jurava que o vi tentando sambar. Olha ela ali, quase que aprende a jogar bilhar. É impressão minha, ou ele ta começando a escrever? Veja ela, não agüenta mais o interior.

Diferentes nada, incompletos. Quem sabe assim juntos, dentro um do outro, eles não brincam de ser um só.

domingo, fevereiro 10, 2008

É a tua mente pervertida
Que não vê que esse sorrriso
É só diversão
Eu vou divertida
Boca colorida
Correndo pela contramão
Eu vou sorrindo
Eu vou soltando
(devagarinho)
Da tua mão.

sábado, fevereiro 09, 2008

Engraçado como a gente vê as pessoas depois que as pessoas passam. Um dia você se apaixonou. E achava que eles entendiam o que você escrevia, mas eles não liam. Como a gente erra tanto? Hoje você entende que não ouviram o que você falou do Saramago, que sequer sabem quem é Almodóvar e que se preferiam ver filme dublado era por mero comodismo. Faltava ambição. Sempre vai faltar. Você se entristece, e lembra de todos os esforços feitos pra que deixassem a cidade pequena, a fofoca desmedida, os olhos da família. Eles te chamavam de alcoólatra. Não te deixavam ser sincera, nem quando você queria. E você queria tão pouco. Não vale a pena nem sentir saudade. Você foi tentar guardar as boas lembranças, quando percebeu que as boas lembranças eram mentiras suas. Aí você contabiliza as lágrimas que você deixou que caíssem, e as pessoas que machucou por quem não sabia nem sobre o que você estudava. E se perguntasse você saberia que não ouviriam mesmo. Perdoem-me todos os deuses por eu ter banalizado tanta música bonita, tanto poema bem escrito, tantas vezes a palavra amor. Pra que tanto ciúme? Se tivessem ido embora antes, talvez antes você teria visto que... Se você soubesse. Não fica nem tristeza, nem saudade, nem carinho. Fica só a sensação de pena por um tempo que podia ter sido e não foi. Não, Pessoa, minha alma é grande e mesmo assim não valeu a pena. Meu reino pra quem inventou a mudança. O universo pra quem sabe aproveita-la.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Essa é a minha despedida. É o meu adeus, au revoir, bye, baby.

Eu tentei avisar, mundo. Você não ouviu. Eu disse que eu precisava de cuidados, eu precisava de mudanças. E eu to mudando.

Mundo, quanto orgulho você vai sentir de mim quando me vir assim fria, assim distante.

Eu sou melhor de longe. De longe a gente é mais bonita, a gente parece mais inteligente, a gente tem mais tempo de pensar antes de fazer qualquer besteira. De longe eu podia estar sempre de batom vermelho, cabelo mais arrumado, unha feita. De perto você vê o que há de pior em mim; minha alma.

Agora to indo embora. De longe a gente se fala. De longe eu vou deixar você me ver mais uma vez. Ai, Mundo, você nem vai me reconhecer!

Deixa um beijo pros amigos, um abraço pras coisas boas. Eu fui o seu refúgio, sua dimensão paralela, agora eu vou ser, quem sabe (e finalmente), sua saudade.

domingo, fevereiro 03, 2008

Eu visto as pessoas. Ninguém nunca percebeu, mas eu não sou completa. Eu, em verdade, sou nua. Ando nua pelas ruas e ninguém nota. Eu só me visto quando entro em alguém. E ninguém nota. Eu entro e me torno você, ele, ela. Eu vou vivendo o que todo mundo vive. Eu vou sentindo o que todo mundo sente. E quando vocês acabam eu fico nua, só com as recordações.
Quando eu me tornei vocês? Quando foi que eu deixei de viver a mim pra viver vocês? Me diz, alguém, por favor, como foi que eu desaprendi a me vestir?

Se vocês tivessem alguma coisa pra me dar. Se vocês tivessem me vestido com abraço, com beijo, com qualquer coisa envolvente. Mas eu fui caminhando nua, tremendo, sentindo frio, humilhação. Não é fácil ser nua quando mundo está vestido. Por fora.

Aí eu entrei em cada um de vocês; e me vi caminhar. Com teus olhos, com tuas mãos. Vendo como cada um me via. Dói.

Eu senti o que cada um sentia quando me encontrava. Dói.

E eu desisti de vestir vocês. Porque eu dava meus dias para viver os seus. Fui embora nua, sem roupa, sem sombra, sem sentido. Achando de mim o que eu achava, e num ato quase louco, me abraçando pra ver se em algum momento me sentia confortada.

eu cai.

enrolada na escuridão.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Vou fazer um poemeto

Cinco versos, duas rimas

Pra dizer em algumas linhas

Que não é preciso um soneto

pra falar de amor.