terça-feira, julho 19, 2011

Eu que já não quero mais ser um vencedor...

Poucas coisas não me irritam, mas aprendi a lidar com isso, de uma maneira ou de outra. Eu consigo, efetivamente, lidar com as coisas irritantes, o que eu não consigo é fazer com que elas não percebam minha cara de tédio. Mas em relação as coisas irritantes, algumas em especial atingem regiões minhas onde o ódio se aconchega e, quando despertado, tende a se rebelar. Não que eu não seja uma pessoa calma na maior parte do tempo. Calma e egocêntrica, nem quando quero falar de coisas que me incomodam consigo parar de falar de mim. Talvez eu me incomode a mim mesma, mas tem coisas irreparáveis nessa vida.
Voltando pela terceira e última vez às coisas que irritam, tenho sérios problemas com burocracia, dinâmica em grupo e palestras de incentivo e auto-ajuda. Pior é quando a burocracia me impõe uma dinâmica em grupo com palestra de incentivo e auto-ajuda. É triste porque a burocracia tem poder e ele me sucumbe. Respirei, participando com a menor cara de tédio possível, assisti a tal palestra. "10 passos para ser um vencedor": vencer a quem ou quê?; vencer pra quê?, quem disse que eu quero vencer alguma coisa?" foram as três perguntas que eu me fiz quando vi o que seria obrigada a assistir. Continuei quieta, afinal, essa coisa de contestar não deve ser atitude de um vencedor.
Descobri, nessa palestra, que eu nunca serei uma vencedora. Não combina comigo, de qualquer maneira. As lágrimas, o whisky e o batom borrado da derrota fazem mais meu tipo, eu sempre soube. A questão é que eu tenho muita sorte e quanto mais eu erro, mais as coisas dão certo pra mim.
E eu voltei a falar de mim. Todo mundo busca se conhecer, se entender. Essa sou eu: o resultado dos meus erros que sempre coincidem com as minhas escolhas. Eu só erro, mundo. Desculpem todos os espinhos, é que tanta preguiça eu tenho de pensar em mim, em mudar. Então eu lembro de novo de um dos 10 passos: seja uma pessoa intensa para ser vencedora. Erro, erro, erro. Pobre palestrante que ganha litros de dinheiro para não saber o que está falando. Desde que eu me conheço por gente meus maiores erros tinham sempre uma causa em comum: a intensidade. Quantos pessoas ainda vão me lembrar disso? Quantas pessoas eu ainda vou machucar por ser assim? Quantas vezes eu vou me machucar tentando me segurar e explodindo logo em seguida? E eu não vou vencer assim, nem quero. Coisa chata essa de vencer: o dia de comemoração é um só, enquanto na derrota eu posso curtir meu lado perdedor, regada a uma boa bebida, todos os dias.



Um comentário:

gipicles disse...

brindemos à decadência!
porque brindar pelo sucesso não tem graça pra gente...