segunda-feira, maio 18, 2009

Oi, reflexo. Você é meu espelho?

Humanos são ruins, minha filha. Por isso vá dormir. Humanos não valem a pena, minha filha. Por isso insônia, para que?
Humanos, minha filha, criaram a palavra confiança, mas não sabem o que fazer com ela. Jogam ela para cá e para lá, até acharem sua utilidade. Eles criaram a confiança e a mentira, que é para ver quem era mais forte. Humanos gostam de competir.

Por que meu rosto mostra os dentes quando você sorri? Eu posso te tocar, espelho?

A graça de ser humano é fingir que entende o que acontece. Mas você não entende, minha filha. Não se culpe. Você omite, você se esconde, mas não entende porque acaba sempre tão exposta. Por que tanta tristeza, minha filha? Ele é só mais um humano que descobriu que você era, inevitavelmente, humana.

Espelho, essas palavras são minhas, esse jeito de escrever é meu. Quando foi que eu deixei de ser eu e passei a ser o seu reflexo?

Humanos criaram o arrependimento, mas não aprenderam a fazer o tempo voltar. O tempo, esse maldito, ri da cara dos humanos. Eu sei, ele me conta, faz dos que afligem um tempo que não passa, que é para ver sofrimento. Os que se divertem, ele inveja, então faz as horas correrem feito criança para o bolo recém saído do forno. E para os que sentem saudade, ele guarda o sadismo especial, de se confundir entre lebre e jabuti, e não decidir se corre, ou se espera. Porque, minha filha, quem tem saudade é como se tivesse o mundo, mas sem pode encostar.

Para de fugir de mim, espelho, para de fugir de mim. Você tem medo porque eu sou totalmente desconhecida para você?

Ou porque eu sou exatamente aquilo que você não queria ser?

Humanos não merecem, mas você vai continuar acreditando.
e o tempo continua rindo de você.

Um comentário:

Enrico Bueno disse...

amiguinha,

acesse meu novo espaço

minhascasmurrices.blogspot.com

beijos