terça-feira, fevereiro 16, 2010

É verdade que tem hora que cai bem o desrespeito. Cai bem porque ofende menos que o silêncio e incomoda tanto quanto a sua cara fitando a minha, dizendo: "minha cara..." e não sabendo, no fundo, o que queria dizer. Eu prefiro o desrespeito gritado em surdas palavras do que meias palavras que tendem a palavra alguma. É do desrespeito que as verdades se alimentam e verdade precisa, no fim, de força para acreditar-se verdade e atravessar o meu corpo para sair da minha boca. Eu alimento as minhas verdades diariamente. Eu as deixo fortes e prontas para superar qualquer ponta de insegurança que me desça goela abaixo. Elas sobem sobre tudo e deslizam pela minha língua lado a lado ao meu último gole de cerveja. Bebo verdades para depois vomitá-las. E eu sei que no fim elas são mãe e pai do meu desrespeito e filhas perdidas da minha vontade.

Um comentário:

Mayara Almeida disse...

Foi duro ler e reler esse texto, onde cada palavra entrou feito farpa entre os olhos e a aceitação.
Parabéns pelo texto.