sexta-feira, abril 20, 2012

Vou confessar escrito, o que nem sob tortura tenho coragem de dizer. Eu sempre esperei, faço hoje da minha vida um eterno esperar. Eu espero que você volte e fique aqui, que diga as coisas que só fazem sentido se ditas  por você. Eu espero de outro beijo, que seja o seu. Eu espero das outras pessoas atitudes que só você tomaria. Eu espero do meu prato de comida, que você prove. Eu espero a sua companhia, e eu te esperei esse tempo todo porque só fazia sentido esperar e não porque eu tivesse me programado a isso. Eu espero enquanto prometo esquecer, eu espero enquanto acordo porque andei esperando dormir, pra ver se - ao menos enquanto eu sonho - minha vida não seja espera. Eu acordo, olho pro lado, espero que seja verdade e quando é mentira, eu espero esquecer. Eu espero seu telefonema, seu chamado, eu abro emails antigos e espero antigas saudades. Eu espero desde o dia que eu te conheci: esperei que você se acostumasse a mim, esperei me acostumar a você. Mais: esperei a gente se entender. Muito tempo antes disso, eu esperei os meses passarem, esperei os quilômetros diminuírem, esperei a curiosidade virar amor. Eu sou boa em esperar. Queria dar um basta nisso, dizer que não, que chega, que parte pra outra já que você não reconhece mais a minha espera. Eu sou ridícula porque no fundo eu sei que vou esperar, tantos dias e noites forem necessárias, ainda que eu finja que não. Eu espero que não, mas, cá entre nós, sabemos que sim. Espero porque é exatamente isso ai, eu te espero desde o dia que eu nasci.

2 comentários:

Lolita disse...

É tanta espera que já se tornou normal na nossa vida esperar. É como se fizesse parte da nossa rotina...esperar.

(desculpa me intrometer assim, no seu blog, só tive coragem de comentar agora)

gipicles disse...

Meu, esse final foi lindo!
Lendo o texto, eu quase acredito que no fim a espera vale à pena.