segunda-feira, outubro 17, 2011

tantas outras coisas.

Olho, ainda enquanto trabalho, para a nossa foto ali no quadro. Eu poderia pensar em tantas outras coisas, umas tristes, outras não; mas só uma me vem à cabeça ainda: eu sei o que é um homem de verdade. Hoje, não quero saber porque não estamos mais juntos, nem quero sofrer por esse tipo de detalhe que a vida insiste em criar, a felicidade dessa noite é notar o quanto eu soube o que é ser bem tratada. Talvez por isso seja tão difícil olhar para as pessoas e achar gentileza nelas. Sou dessa massa de pessoas que ainda não começou a economizar sorrisos, nem convites. Eu ainda quero a companhia do mundo e se essa companhia vir sorrindo, ótimo. É triste ver que as pessoas não merecem o nosso convite: nem para tomar uma cerveja, nem para entrar na nossa vida (convite esse que já vem embutido lá, naquele sorriso, que eu acho avareza demais economizar). 
Mas que mundo mais desconfiado que tem medo do sorriso, do abraço e do convite. Ainda hoje fico abismada com o medo que o compromisso causa nas pessoas, essas mesmas pessoas que mal percebem o quanto são compromissadas com a própria insegurança, com o próprio medo de assumirem que não são, de fato, aquilo que a pessoa que lhes convida imagina (ou quer imaginar, que de sonho e ilusão é que são feitas a maioria das relações). 
Esqueço por um instante do homem de verdade e olho para o lado, olho para as mulheres que, de uma maneira ou de outra, fazem parte da minha vida. Quanta mulher incrível eu conheço e quanta dor elas carregam. Acho que só uma mulher é mesmo capaz de sofrer tanto assim, por nada. Não que sejamos bobas (mas somos um pouco), mas porque é de nossa natureza esperar. Nosso lado penélope fia e espera amor, fia e espera saudade, fia e espera respeito, vai ver porque a gente sempre tem, ainda que torto e mal feito, um lado muito delicado, quase botânico: e vencidos os espinhos, a gente quebra fácil. Mas com água e um pouco de luz, a gente sempre reanima e se porta forte, cheirosa, receptiva. Queria pegar essas dores e transformar tudo em óculos mágico que mostrasse, na realidade, o muito pouco que elas perdem...
Quanta dor eu ainda vejo por detalhes tão pequenos, por pessoas tão ruins, por gente que ainda não aprendeu a relação lógica entre gentileza e humanidade. Todo mundo deveria saber como é ser bem tratado, e, mesmo que entre grosserias e maldades, eu vou levantar sempre a bandeira do mimo e do carinho. Não que eu queira de troco o compromisso, mas eu vou esperar sentada a gentileza, em cada relação que eu criar. Vou oferecer mais um gole, vou chamar para mais uma cerveja, vou dizer, aos quatro ventos, o quanto eu quero que essas mulheres se libertem dessa dor e que não economizem batons nas golas do carinho, nem perfume no colo do respeito, e que venham, despudoradas, chorarem ao ombro daquela pessoa que não precisa mais mentir para parecer sincera. E sabe o que mais que eu ia dizer? Que a nossa foto, assim sorrindo, ainda é linda.

2 comentários:

Lelê disse...

Uma vez uma pessoa muito querida me perguntou "Por que é tão dificil cultivar a delicadeza?"

Ja faz mais de 5 meses, e eu nao achei a resposta!

Mayara Almeida disse...

As vezes a gente se acostuma a ser pequeno demais, sorte é perceber isso a tempo e mais crucial que isso é não gostar de se sentir pequeno.
Adoro seus textos sempre.