segunda-feira, agosto 22, 2011

A gente não distingue tristeza de dor quando o choro não sai, fica que nem faca machucando aquela região entre os olhos. Mas as lágrimas não vem. Vem o soluço, a tremedeira, a taquicardia, porém nada de lágrimas. Que porra, às vezes eu queria gozar lágrimas, sabe. Quem sabe assim seria mais fácil provocá-las e jorrá-las, quem sabe assim doía menos guardá-las nessa região maldita entre os olhos, logo abaixo do meu cérebro cansado e acima dos meus olhos secos. Eu tô fodida com o mundo, ofendida com a cara de pau. Vem cá, minha gente filha de uma puta, venham todos e justifiquem essa vontade imensa de transformar em palavrão as lágrimas que vocês levaram de mim. Meu choro vai que nem cachorrinho ao lado dessa sua vagabundice. Não, eu não choro mais diante de tanta sujeira. Conforme sua dignidade se esvai, minha emoção mingua, e quando eu me tornar um nada cansado dessa sujeira toda eu vou virar pó, desses que fazem espirrar e catarrar os alérgicos. Quando essa merda de mundo acabar comigo e com a minha paciência, ai que bom que vai ser meu deus, porque eu vou ser pó, seco, totalmente sem lágrima. Mas igualmente sem dor nessa região tão importante pra mim: no meio do olho, como dói, justo donde ele às vezes me beijava. Então, gente ruim, quando eu virar pó - meu último pedido - vê se me varre, que eu não quero ser mais uma sujeira nessa sala emporcalhada.

3 comentários:

gipicles disse...

o olho ficou tão seco que deu vontade de dar um soco nele pra ver se ele chorava.

Mayara Almeida disse...

Você escrevendo assim deu pra entender um pouco do que eu já senti mas não soube pôr em palavras. E como é agoniante...Gostei do texto!

marli disse...

yabadabadu!!