domingo, fevereiro 21, 2010

Deitada ali só pensava em três coisas: que precisava descansar; que aquele cochilo tinha tempo limitado e que logo mais ia anoitecer. E de noite tudo fica diferente…
Conforme o sol descia e o céu azul ia mudando de tom, seu corpo em posição fetal ia se contorcendo, como se conforme o calor do sol diminuísse, seu corpo procurasse a única coisa passível de abraço naquele lugar: ele mesmo.
Assim, agarrou suas próprias pernas e dormiu com os olhos voltados para o joelho. Se aqueles olhos, que funcionavam como um oásis no deserto de olheiras, abrissem teriam como primeira vista a cicatriz do joelho da garota arteira que um ela dia tinha sido e da mulher exausta que, naquele momento, precisava de um cochilo, ainda que limitado.  A cicatriz insistia em lembrá-la da verdade que ela teimava em esquecer: que não só para o sol o tempo passa e o calor, necessariamente, diminui.
Entretanto, diferente do sol, ela não encontrava naqueles travesseiros nenhum consolo macio que lembrasse alguma nuvem. Nada a rodeava além do sono e do cansaço premeditado e típico dessa infeliz espécie humana que insiste em dormir pensando na hora de acordar.
Acordaria, evidentemente. Provavelmente com frio, certamente sem voz, enrolada com um pouco de dor nos próprios braços que também diferentes dos raios do sol não alcançavam muito mais que ela mesma…

Um comentário:

marli disse...

É de solidão que vc tá falando? PORQUE AO LER É ISSO QUE PUDE SENTIR..SOLIDÃO DAQUELAS EM QUE AGENTE PERCEBE QUE NINGUÉM PODE SUPRIR.