Eu devia ter te escrito aquela carta. Sempre segui minha intuição e ela dizia "envia" e eu negava, porque com você minha intuição foi embora e meu sexto sentido se perdeu. Os outros cinco também se confundiram, e eu fico achando que sinto o cheiro pelos olhos, que encosto na sua pele com o ouvido e que ouço a tua voz quando leio. Mas então, eu te escrevo agora essa carta pra dizer que eu devia ter escrito aquela outra. Eu tinha pensado em tudo... uma folha verde, a minha letra vermelha, a velha piada sobre o meu mau gosto com cores. e eu não escrevi! Ai, se arrependimento matasse, essa cama agora seria minha cova. Na carta que eu não te escrevi teriam todas as palavras que eu já te disse, as que eu não te disse mas você sabe quais são e aquelas que eu não te disse e que você nem desconfia. Eu quero te preservar tanto que acabo me prendendo numa jaula e fazendo do meu sentimento qualquer tipo de fera perigosa que tem que ficar isolada. Mas essa jaula que eu criei vive exposta, e as vezes você vem com essa sua cara de turista despreocupada e alimenta meu sentimentos e depois ri deles, como se eles fossem um macaco a quem você deu uma banana de mentira.
E eu vou pegando essa banana que parece de mentira e olho com calma até começar a acreditar que ela é de verdade. Um dia você volta, sem a cara de turista e abre a jaula do meu sentimento. Meu Deus, por que foi que eu não escrevi aquela carta? Agora não posso remediar, agora eu não posso te obrigar a ter um pedaço de mim com você. A primeira vez que eu te disse o que eu nunca devia ter te dito foi por uma carta. Carta é fácil porque a resposta, se vier, demora, e eu posso me armar contra aquela sua mania de não dizer nada. Agora já passou, eu não escrevi aquela carta, a minha jaula ainda tá fechada, te espero lá com uma carta que eu não escrevi, e com uma banana de verdade para te dar...
Um comentário:
meu deus, eu mandei uma carta este fim de semana e sabe de uma coisa?
odeio esperar a resposta!
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