domingo, outubro 26, 2008

Ela, hoje, acordou diferente; indiferente. Essa coisa de se importar deixou pra trás. Pra trás, ficaram os cabelos também, agora presos. Presa, era como se ela não pudesse respirar. Indiferença dá falta de ar.

Hoje ela é mais forte, nem liga. Não se importa mais que aquele moço, que ela gostava tanto, seja um idiota. Nem sente saudade do tempo que ela não pensava isso.
Ela não liga de ficar longe de você. Você também não. Você some e ela quer morrer, de tanto que dói. Agora, ela resolveu achar idiota essa coisa de paixão repentina. Justo ela, que passou a vida toda nesse vai-e-vem de apaixona e desapaixona. Será que assim é mais fácil? Ela quer facilitar, nada de complicação.
Ela só lê o estritamente necessário: placas, livros, jornais. Parou de ler os seus traços, as linhas do seu rosto, da sua mão. Ela sabe de cor os seus caminhos, sem ainda ter percorrido. Tua estrada continua fechada, ela, ainda na porta, espera.

Não, ela não vai mais esperar. Ela vai embora, antes que o seu sorriso engula tudo que ela tem de mais forte: a indiferença. Ela vai embora, quieta. As rosas não falam. Então, ela tem que continuar quieta, pra você não assustar.

Será que ele existe? Ela te encostou, fez o pedido, agora ela vai ter um beijo. Será que ele existe? Ela encosta, te abraça, ela cabe, exatamente, nos seus braços. Vê? É uma questão de astros. Ele existe. Tá fazendo tudo ganhar outro sentido. O coração dela dança catira quando ele chega. Ele vai chegar não vai dizer nada, e então...

e então ela entende tudo: é melhor ficar sem ar, indiferente, de qualquer maneira, o prazer também sufoca.

terça-feira, outubro 07, 2008

Eu vou me acalmar do seu lado. Você dança, me leva sem que eu note. Vezes vai de tango, amanhã vai ser um bolero. Seu suspiro tem as notas do Tom. Eu me desfaço, que nem areia, na sua mão. Você me olha, quando a gente se encosta, molha. Depois de você meu gosto fica salgado. Você muda de forma, muda de nome. e eu muda, de quieta. Faz silêncio pra ouvir só mais essa onda. Vem, água, mais essa noite, vem me ninar. Um pouco, vai. Um pouco, vem. No seu balanço eu to brincando de não ser nada pra ninguém.
Você tá me deixando do lado escuro da rua, me esquecendo na próxima esquina. Que sina. Que tato. Como é que eu faço? Você se esqueceu de lembrar de mim hoje.

[mas se quer saber se eu quero outra vida: não, não]

sábado, outubro 04, 2008

Você é o meu amor. Olha, eu tenho um amor. E ele é lindo. Eu saio por aí mais bonita porque eu tenho um amor. Eu tenho todos os motivos pra ir pro cinema e chorar em cenas de beijo. Eu tenho um amor. Eu não sei o seu nome, não sei se prefere os meus brincos de argola ou de pena. Não sei. Mas eu sei que eu tenho um amor e todos os poemas do mundo para escrever pra ele. Eu tenho um amor que tem o rosto que todos os meus amores de infância tiveram. Ele tem o jeito que o amor que eu imaginava tinha. Ele tem a razão para me fazer entender as músicas. Ele existiu que é para fazer todo o mundo olhar pra mim e dizer: olha, se apaixonou. Quando eu deitava pensava no meu amor ele teria os olhos de um claro que ninguém entende: quase transparente, impossíveis de ver o final. Meu amor não conhece meu sorriso, mas eu afirmo: amor meu, é por você que eu sorrio. Ele não sabe que a minha música predileta ressoa a lembrança dele, nem sabe que por ele eu largaria o cigarro de vez e aprenderia a cozinhar comidas gostosas e com sal. Não sabe. Não sabe que é o meu amor. Não quer saber. Eu to escrevendo com um batom na testa as nossas iniciais. Eu to cantarolando a melodia da música que vai ser a nossa. Escrevendo um monte de coisa sem nexo pra extravasar. Esse texto é quase um pedido pro meu interlocutor mudo. Não foge de mim, meu amor. Eu só quero te mostrar que eu sou feita pra você; é um pedido simples: fica comigo pra sempre. Eu to exagerando, que assim quem sabe você me escuta. Percebe: meu cabelo combina com o seu, sua barba combina com meu rosto, os astros dizem: almas gêmeas. Você odiando quem não fala o que sente. Eu odiando você com medo de ouvir o que eu vou te dizer. Eu vou contando os minutos pra quando eu encontrar. Eu vou tentando me distrair. Eu to ficando bêbada e querendo te ligar pra dizer: entende, menino. O amor da minha vida é você.