Mantém a luz apagada, eu não tenho medo do escuro, eu gosto do breu, quanto mais escuro tiver melhor eu me sinto, sozinha com os meus pensamentos, sozinha com os meus planos e os meus desejos, que, no escuro, nao me envergonham. Mas você vem e me tira tudo, tira meus pensamentos, tira meus planos, assim o escuro me assusta. Eu não tenho medo dos monstros, eles é que fogem de mim.
Acende uma meia-luz, vai, deixa eu ver seu rosto sem enxergar seus olhos. Essa meia-luz traz a forma do teu corpo, traz algum resto do teu pensamento que eu queria que fosse meu. Você não entende, fica me assustando com histórias de monstro do escuro, você quer me assustar com o desconhecido. Mas eu já não tenho medo.
Não, não acende a luz desse jeito senão você vai ver tudo. Vai ver que eu não sou bonita, vai ouvir a minha voz é feia, não é como a minha letra que você tá acostumado. Mantém a meia-luz que você pode me ver, sem descobrir quem eu realmente sou. Quem eu sou você não gosta, eu sei. Se você quer ir embora, eu deixo. Mas mantém a luz apagada e devolve meus planos pra eu brincar e os meus desejos pra me envergonharem. Assim, no escuro total, dá pra fingir que você tá do meu lado, sem uma fresta de luz refletindo na parede e me lembrando, de um jeito nada gentil, que eu to sozinha com os meus monstros, como eu sempre tive.
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