Quando elas se conheceram acharam que iam de mãos dadas levar essa vida. A vida, elas sempre souberam, era difícil. Mas o difícil quando se tem um apoio, é edificante. E assim, de mãos dadas, elas construíram castelos, arranha-céus e um templo. Elas podiam mais, porque eram duas.
O tempo que é ingrato, passa. E as construções sólidas, que pareciam fortes e determinantes, se perdem nessa rapidez de um tempo que não permite mais que exista essa força. Quando tudo tem que ser maleável, aquilo que é rígido, destrói.
E quando destrói o que grande, tudo desmorona.
Desmoronam as certezas, desmoronam os sentimentos, desmorona a confiança, a verdade, a sinceridade e o amor que dava vida. Desmorona o amor que dava a vida. Desmorona a vida, que era vida pelo amor. Por que é que eu te machuquei tanto? Não sabe, não sei. Não saberemos nunca. Acontece que agora a gente não pode mais seguir de mão dada. Minha mão machuca a sua. A minha mão é grande demais pra você.
E como é que eu vou? Ela não soube dizer.
Agora elas andam lado a lado, cada uma de um canto da avenida, cuidando de um caminho, que poderia ser o mesmo.
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