Do jeito que ele me olhava, eu me perdia. E era um desvia, olha, chama, olha de novo, que eu esquecia do resto que estava a minha volta. Esperava o dia amanhecer, tomar banho, ir pra lá só pra ficar de prontidão esperando ele passar e me dizer: Bom dia! Em dias de sorte eu sorria e dizia também 'bom dia', mas por forças do destino e dos olhos daquele menino havia dias em que saia apenas um sussurrante 'oi', guaguejado e abafado pela minha ansiedade.
Ele tinha um violão, e eu nem ritmo tinha.
em um dos dias em que eu não consegui dizer bom dia ele me olhou fundo e disse 'é verdade que você escreve músicas?'
eu não escrevia músicas, era só um amontoado de palavras que juntas eram melhores que separadas. Mas eu só consegui dizer: sim!
Escreve uma pra mim! ele me disse, e eu sem coragem de dizer que não conseguiria sugeri 'a gente não tem papel aqui'
Ele abriu um sorriso. o sorriso mais sorriso que eu conhecia. Abriu os braços também e me falou 'escreve nos meus braços'
Nunca tinha visto aquilo de escrever na pele o que tinha que estar no papel. Escrevi um poema que tinha feito por causa dele, meio tremendo, de encostar naquela pele.
ele pegou o violão, e sem tirar os olhos da minha letra em seus braços...cantou o meu poema.
minhas palavras só tinham vida naquela voz. naqueles braços. no seu corpo.
2 comentários:
o melhor de todos. juro. mesmo.
Sinceramente pasmo, menina.
Não só por esse, mas pelo do telemarketing e do semáforo, os primeiros que tive contato.
Singelo, fantástico.
Meus sinceros parabéns.
Bem, mantenho um blog muito pessoal com minhas poesias ultra-românticas. Foge bastante do seu estilo, mas é de bom gosto. ;]
velosopoeta.net
Beijo,
Tiago Veloso.
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