domingo, março 25, 2012

Escroto

Sempre achei escroto uma palavra feia demais e evitava usá-la em qualquer situação. Desde a questão fonética à semântica, escroto não era uma palavra a ser dita com frequência, nem por qualquer motivo. Não tem a pluralidade de "foda"e, menos ainda, a força sincera e humilde do "puta que o pariu". Escroto, então, era um tabu que, vez ou outra, eu quebrava de maneira tímida para me referir àqueles babacas, cujas atitudes me davam tanto asco quanto a própria palavra escroto. Não gosto da palavra escroto em nenhum sotaque, nem gaúcho, nem mineiro, nem paulistano, menos ainda carioca, que chia incansavelmente o s, dando mais relevância ainda a uma palavra que, se eu pudesse, excluiria da língua portuguesa. Ontem, eu pensei em você e doeu demais, em todos os lugares que eu tinha para sentir dor. Do mesmo modo, falei de você e minha boca se encheu de um gosto tão ruim que já não podia aguentar. Pensei e disse que você era escroto, e só de ter pensado e dito isso eu entendi qual o limite que uma dor pode levar, para além de qualquer pira linguística sobre qualquer palavra do mundo...

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