quarta-feira, novembro 23, 2011

Dezessete noites - ela contou - há exatas dezessete noites não se emociona mais, nem desmancha a boca em sorriso quando ouve aquela combinação de notas que anunciavam suas iniciais. Há dezessete noites divide sua cama com outros sonhos, que não os seus; outros desejos, não os dela. Há dezessete noites prefere não acordar com um sorriso, nem dormir misturando aquele tanto de lágrima com mais um tanto de desespero. Há dezessete noites conta os dias que parou de contar e acha muito mais gentil e tranquilo o coração vazio, até um pouco empoeirado desde que você foi embora. Resolveu, há dezessete dias e dezessete noites, que não lhe escreveria. Você ri porque sabe que essa decisão não foi levada a cabo (e nunca poderia ser), mas no fundo, naquele fundo perdido e surrado, você também sabe que as palavras ficaram vazias - e só assim poderiam ser - as palavras acabam inevitavelmente escritas, mas vazias, porque você não a emociona mais.

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