Rita gostava de homem engraçado, que fizesse ela rir o tempo todo, que era para levar a vida mais leve, a vida, que para Rita nunca foi fácil. O príncipe de Rita não tinha um cavalo branco, ele vinha a pé, com all star velho e falando sozinho, como se isso fizesse sentido. Rita tinha medo de cavalos e pessoas que não falavam sozinhas. "A gente tem que estabelecer um diálogo com a gente", repetia. Ela gostava de homem que gostasse de cerveja, e que bebesse direto na garrafa. e que risse disso com ela. Rita precisa rir, para a boca crescer e olho ficar pequenininho. E o olho pequeno da Rita não deixava ela ver o que tinha de ruim no mundo. Ela ria, ria, rita. Ela não quer saber do mundo se o mundo não tiver querendo saber dela.Rita queria sair pra dançar, achava legal quando um homem que não sabe dançar se esforça. Ele ficava lindo preocupado, então rita fingia que tinha doído muito mais do que realmente doeu, e se escorava nele para continuar em pé, "você pisou no meu pé", dizia rindo, mas com voz de manha.
Ela gostava de homem que fizesse ela esquecer de tudo, que mostrasse a cor do céu, e se divertisse com a abelha que tinha a listra amarela meio torta. Mas Rita acabou conhecendo um moço que não sabia dançar, e que também não tentava, que não gostava de cerveja e não bebia nada no bico. Ele fazia Rita rir, mas logo em seguida, tão rápido, ele abria os olhos de Rita. E se os olhos de Rita abrem, a boca fecha e aí não tem sorriso, não tem mais céu colorido, não tem mais nada. Ele quer mostrar para Rita que o mundo não vale a pena, que as pessoas não valem a pena, que ele é cinza. A Rita quer mostrar pra ele que ele é branco, com espaço para se colorir. Rita continua falando sozinha, ontem mesmo podia ouvir ela dizendo quantos lápis de cor ela ia ter que comprar...
domingo, maio 24, 2009
sábado, maio 23, 2009
Quantas cores o céu pode ter longe de você? Eu contei várias, e parece que em cada uma delas vai um pedaço de você, de você que eu não conheço. A noite, escura, parece teus olhos, teu segredo que eu não consigo descobrir. A madrugada vem roxa, tão bonita, quer me dizer que o dia tá chegando. Eu não posso ver essas cores se não te mostrar, não faz sentido para mim. O que é fazer sentido quando a saudade é de uma coisa que nunca se viveu? Quando amanhece, o céu fica azul, o sol vem como teu sorriso. Vem como a tua confissão iluminando, quando eu achava que aqui só ia amanhecer amanhã...em outro lugar, mais distante que a sua voz. Mas o dia veio azul, ganhou da noite. E agora eu me pergunto, quantas cores pode ter o céu perto de você?
segunda-feira, maio 18, 2009
Oi, reflexo. Você é meu espelho?
Humanos são ruins, minha filha. Por isso vá dormir. Humanos não valem a pena, minha filha. Por isso insônia, para que?
Humanos, minha filha, criaram a palavra confiança, mas não sabem o que fazer com ela. Jogam ela para cá e para lá, até acharem sua utilidade. Eles criaram a confiança e a mentira, que é para ver quem era mais forte. Humanos gostam de competir.
Por que meu rosto mostra os dentes quando você sorri? Eu posso te tocar, espelho?
A graça de ser humano é fingir que entende o que acontece. Mas você não entende, minha filha. Não se culpe. Você omite, você se esconde, mas não entende porque acaba sempre tão exposta. Por que tanta tristeza, minha filha? Ele é só mais um humano que descobriu que você era, inevitavelmente, humana.
Espelho, essas palavras são minhas, esse jeito de escrever é meu. Quando foi que eu deixei de ser eu e passei a ser o seu reflexo?
Humanos criaram o arrependimento, mas não aprenderam a fazer o tempo voltar. O tempo, esse maldito, ri da cara dos humanos. Eu sei, ele me conta, faz dos que afligem um tempo que não passa, que é para ver sofrimento. Os que se divertem, ele inveja, então faz as horas correrem feito criança para o bolo recém saído do forno. E para os que sentem saudade, ele guarda o sadismo especial, de se confundir entre lebre e jabuti, e não decidir se corre, ou se espera. Porque, minha filha, quem tem saudade é como se tivesse o mundo, mas sem pode encostar.
Para de fugir de mim, espelho, para de fugir de mim. Você tem medo porque eu sou totalmente desconhecida para você?
Ou porque eu sou exatamente aquilo que você não queria ser?
Humanos não merecem, mas você vai continuar acreditando.
e o tempo continua rindo de você.
Humanos são ruins, minha filha. Por isso vá dormir. Humanos não valem a pena, minha filha. Por isso insônia, para que?
Humanos, minha filha, criaram a palavra confiança, mas não sabem o que fazer com ela. Jogam ela para cá e para lá, até acharem sua utilidade. Eles criaram a confiança e a mentira, que é para ver quem era mais forte. Humanos gostam de competir.
Por que meu rosto mostra os dentes quando você sorri? Eu posso te tocar, espelho?
A graça de ser humano é fingir que entende o que acontece. Mas você não entende, minha filha. Não se culpe. Você omite, você se esconde, mas não entende porque acaba sempre tão exposta. Por que tanta tristeza, minha filha? Ele é só mais um humano que descobriu que você era, inevitavelmente, humana.
Espelho, essas palavras são minhas, esse jeito de escrever é meu. Quando foi que eu deixei de ser eu e passei a ser o seu reflexo?
Humanos criaram o arrependimento, mas não aprenderam a fazer o tempo voltar. O tempo, esse maldito, ri da cara dos humanos. Eu sei, ele me conta, faz dos que afligem um tempo que não passa, que é para ver sofrimento. Os que se divertem, ele inveja, então faz as horas correrem feito criança para o bolo recém saído do forno. E para os que sentem saudade, ele guarda o sadismo especial, de se confundir entre lebre e jabuti, e não decidir se corre, ou se espera. Porque, minha filha, quem tem saudade é como se tivesse o mundo, mas sem pode encostar.
Para de fugir de mim, espelho, para de fugir de mim. Você tem medo porque eu sou totalmente desconhecida para você?
Ou porque eu sou exatamente aquilo que você não queria ser?
Humanos não merecem, mas você vai continuar acreditando.
e o tempo continua rindo de você.
Eu não gosto de chá, menino, quantas vezes tenho que te dizer isso? Não gosta, eu sei, mas devia tomar. Você nunca aceita quando te ofereço, prefere tomar café que destrói o organismo. Café me mantém acordada. É tudo mentira que cafeína mantém acordada. A mim, me mantém. Então tá, continua tomando café e morrendo de gastrite enquanto um chá de camomila ia te acalmar e te deixar mais tranquila. A minha calma não depende de chá, menino. É tanta coisa além…Mas veja, um chá ia curar suas cólicas, você vive tendo cólicas. E a voz rouca? Já disse que sei um chá de gengibre que tira essa roquidão num segundo. Depois fica ai dizendo que tem a voz muito feia. Para, vai, chá nenhum conserta a minha voz, e de qualquer maneira eu não quero chá. Você nunca quer, eu sei. Mas ia fazer bem para ti, tua cara cansada anda perdendo a beleza. Que beleza, menino? Você nunca me achou bonita. Como você diz isso? Como você nunca disse. Nada. E quantas vezes eu me arrumei, até no escuro, para você me ver bonita, o mais bonita que eu podia ser e você, e você não via. Claro que eu via, mas não dizia. E que adianta sem dizer? Nem tudo são palavras, minha querida. Eu não to falando só de palavras, na sua boca, você não me dizia que eu era bonita, nem nos seus olhos você me dizia que eu era bonita. Na sua formalidade comigo você não dizia que eu era bonita. Para de loucura. Não posso parar, eu sou louca, não convém a uma louca parar de loucura. As vezes parece que eu não te conheço, mulher. Você me esconde tanta coisa! Eu não te escondo nada, menino, é você que tem medo de procurar. Aliás, você tem algum chá que passa o medo? Não sei, por que, deu para ter medo do escuro, agora? Não é para mim, é para ti. Eu não tenho medo do escuro, querida. Não? Não, se a porta tiver aberta. Então por que é você não entra em mim? Porque você é um labirinto, e o teu coração é o Minotauro.
domingo, maio 17, 2009
“Quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela”, você me disse isso com os seus olhos verdes brilhando, porque estavam molhados de saudade, molhados de água salgada, não desta água do mar, mas daquela água salgada que nasce no coração e morre nos olhos. Quando você me disse isso eu quis me irritar, sabe? Qual o sentido dessa frase? Porta e janela nunca são a mesma coisa. Que adianta fecharem uma porta, que é o te leva para o mundo e abrirem uma janela, que se contenta em ser um quadro do mundo, esperando o mundo passar? Eu não posso pular da janela. Eu só sei sair pela porta. Mas eu não te disse nada. Você me deu um abraço e isso faz tanta diferença. Eu sempre respondo “sempre” quando você pergunta se eu quero um abraço. É claro que eu quero.
Hoje o dia nasceu de noite. E a gente acordou pedindo para dormir, e eu não queria ser eu. Você disse que se não me matasse, aquilo me fortaleceria, era um velho ditado cliché. Acontece que o meu corpo cansado, meu coração tão machucado e a minha voz rouca me deixavam tão fraca. Eu chorei para você, mais uma vez. E você me disse isso de novo: “Quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela” e aí eu entendi, pela primeira vez eu entendi. A porta que ele fecha não é para prender a gente, é só para guardar. E a janela que ele abre, é para ver se a gente não resolve a aprender a voar.
Feliz Aniversário, Roomie. Você é a minha janela, quando todas as portas fecham. =)
Hoje o dia nasceu de noite. E a gente acordou pedindo para dormir, e eu não queria ser eu. Você disse que se não me matasse, aquilo me fortaleceria, era um velho ditado cliché. Acontece que o meu corpo cansado, meu coração tão machucado e a minha voz rouca me deixavam tão fraca. Eu chorei para você, mais uma vez. E você me disse isso de novo: “Quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela” e aí eu entendi, pela primeira vez eu entendi. A porta que ele fecha não é para prender a gente, é só para guardar. E a janela que ele abre, é para ver se a gente não resolve a aprender a voar.
Feliz Aniversário, Roomie. Você é a minha janela, quando todas as portas fecham. =)
domingo, maio 10, 2009
Sete anos juntos e ela nunca se lembra. Ela devia se lembrar, não é? Ela é a mulher. Mulher é que se apega a essa coisa de data, de lembrança. Mas não. A gente é tão diferente. Eu sou um homem sério, sabe? Um homem ocupado, que devia receber ligações as seis e quinze da mulher preocupada e um pouco enciumada dizendo ‘é para eu te esperar para o jantar?’. Mas ela nunca me ligou, e eu já me atrasei, juro. Um dia cheguei quase as sete e meia em casa! E ela? Ela nada. Nunca teve ciúme, nunca duvidou de mim. ‘Quem ama, cuida’, minha mãe me disse a vida inteira. Um dia quis dizer isso para a minha mulher e sabe o que ela me disse? Que ciúme é socialmente construído, por uma sociedade patriarcal e machista. Eu nem sei o que é uma coisa socialmente construída e ela adora repetir isso. Ela diz que arrozefeijão é socialmente construído, até a gente ter uma samambaia na varando ela acha socialmente construído. Eu não digo nada, ela pode achar que meu silêncio é socialmente construído, mas eu sinto que…Bom, não importa. Eu gosto da samambaia na varanda.
Quando nosso baixinho nasceu era perto do dia das mães e eu tava ansioso para dar para ela o primeiro presente de mãe. Não ia dar uma coisa dessas que a tv manda comprar porque ela ia dizer que não era dona de casa e não tinha vocação para Amélia. Comprei um perfume, desses que a gente sente com todos os sentidos. Eu sei que ela gostou porque ela passa todo dia, mas só por isso. Quando eu cheguei com o presente, ela disse que dias das mães é data comercial e que eu tinha caído na lógica capitalista. Aquele dia me deu vontade de dizer para ela que a minha lógica capitalista pagava as fraldas descartáveis do pequeno. Duvido que ela ia querer lavar fraldas de pano em prol do meio ambiente. Mas eu gosto dela, sabe? E quando a gente gosta fica quieto mesmo quando dói. Hoje eu sei que não devia ficar quieto, mas é que ela sorri de um jeito que a lógica capitalista e o socialmente construído começa até a fazer sentido…
Mas hoje me rebelei. Sete anos juntos e ela não lembrou. Eu só queria um carinho, sabe? Um bilhete no espelho do banheiro, pintado de batom vermelho, aquele que ela passa para ir trabalhar. Ou um e-mail chegando no escritória. Ou um telefonema. Uma sms, um sinal de fumaça. Ou um sorriso… Mas ela acha que casamento é uma instituição que tende ao fracasso.
Comprei essas flores, tão vendo como são bonitas? Vou dar para ela, ela vai dizer que eu não devia gastar dinheiro com essas bobeiras, vai me dar um beijo frio, e vai perguntar porque comprei isso…
Quer saber? Vou dar essas flores para outra, vou comemorar meus sete anos sete anos sozinho. Sete anos socialmente construídos.
…mas eu não tenho força.
Oi, amor. Feliz sete anos de casados. Essas flores são para você!
‘Marcelo, já não disse para não gastar dinheiro com essas coisas? Sete anos de casado? Isso é socialmente construído pela lógica capitalista! Você não aprende nunca!!!’
Eu aprendo, amor…Olha, vou buscar uma coisa que deixei no escritório e já volto.
Sete anos. Oi, qual seu nome? Eu quero te levar para jantar comigo. Por que? Hoje eu quero comemorar uma data especial. Pede o vinho mais caro…
Quando nosso baixinho nasceu era perto do dia das mães e eu tava ansioso para dar para ela o primeiro presente de mãe. Não ia dar uma coisa dessas que a tv manda comprar porque ela ia dizer que não era dona de casa e não tinha vocação para Amélia. Comprei um perfume, desses que a gente sente com todos os sentidos. Eu sei que ela gostou porque ela passa todo dia, mas só por isso. Quando eu cheguei com o presente, ela disse que dias das mães é data comercial e que eu tinha caído na lógica capitalista. Aquele dia me deu vontade de dizer para ela que a minha lógica capitalista pagava as fraldas descartáveis do pequeno. Duvido que ela ia querer lavar fraldas de pano em prol do meio ambiente. Mas eu gosto dela, sabe? E quando a gente gosta fica quieto mesmo quando dói. Hoje eu sei que não devia ficar quieto, mas é que ela sorri de um jeito que a lógica capitalista e o socialmente construído começa até a fazer sentido…
Mas hoje me rebelei. Sete anos juntos e ela não lembrou. Eu só queria um carinho, sabe? Um bilhete no espelho do banheiro, pintado de batom vermelho, aquele que ela passa para ir trabalhar. Ou um e-mail chegando no escritória. Ou um telefonema. Uma sms, um sinal de fumaça. Ou um sorriso… Mas ela acha que casamento é uma instituição que tende ao fracasso.
Comprei essas flores, tão vendo como são bonitas? Vou dar para ela, ela vai dizer que eu não devia gastar dinheiro com essas bobeiras, vai me dar um beijo frio, e vai perguntar porque comprei isso…
Quer saber? Vou dar essas flores para outra, vou comemorar meus sete anos sete anos sozinho. Sete anos socialmente construídos.
…mas eu não tenho força.
Oi, amor. Feliz sete anos de casados. Essas flores são para você!
‘Marcelo, já não disse para não gastar dinheiro com essas coisas? Sete anos de casado? Isso é socialmente construído pela lógica capitalista! Você não aprende nunca!!!’
Eu aprendo, amor…Olha, vou buscar uma coisa que deixei no escritório e já volto.
Sete anos. Oi, qual seu nome? Eu quero te levar para jantar comigo. Por que? Hoje eu quero comemorar uma data especial. Pede o vinho mais caro…
segunda-feira, maio 04, 2009
e olhou-a de um jeito muito mais quente
do que sempre costumava olhar
(Valsinha)
Eu quero seguir nessa dança até o corpo pedir que eu pare, porque coração, meu amigo, arrega fácil e é só o corpo, no corpo a corpo, que aguenta essa melodia, sem acorde certo e com muita batida quebrada, que tá tocando na minha cabeça.
Eu vou te cansar, eu sei, em algum momento a música perde o sentido e a gente fica pedindo silêncio. E aí, vai ser o teu silêncio, esse que hoje me devora, que vai cuidar de conduzir essa valsa mal ensaiada de nós dois.
Dois para cá, dois para lá, e eu vou perdendo o ar, de um lado e de outro. E se eu respiro no teu ritmo, acabo sufocada, no canto do salão.
É por isso que, hoje, eu vou te levar. Vem, sem medo, me acompanha. Eu não sei ser sutil, eu não aprendi delicadezas, então, aqui a gente só para quando corpo e corpo, juntos, não quererem mais. Por enquanto, meu péssimo bailarino, eu vou conduzir.
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