Quem és tu, moleca?
'Meu nome é Maria’
Que fazes por cá?
‘Vim fazer poesia’
Escute, menina, volta pra boneca.
‘E como fica meu escrito?’
Fica por aí perdido.
‘Fica com ele então, o meu sorriso e a minha alegria’
Mas logo poesia, Maria?
Nessa terra brasileira?
Poesia aqui ninguém lê
Fazem dela brincadeira.
Vai, Maria, esquece teus versos.
Poesia te adia
Impede de crescer.
[Esquecer, como podia?
Se Maria era escrava
Domada da palavra.
Esquecer, não esqueceu;
Mas Maria cedeu.
Precisava viver.
Escrevia, em prosa.
E se punha a chorar.]
‘Minha cervical é poética
tenho respiração métrica,
Meu nome faz rima,
Poesia, minha sina.
Sou vadia, vendo minha vida
E meu corpo.
Pela arte
dou-me toda, não em parte.
Dou, ainda, minha calma
Negocio minha alma,
e o que mais parecer útil’
Lembra-te, Maria.
Teus versos são rosas
Bonitas, cheirosas.
Agradam nosso olhar.
Mas rosas, Maria
Não alimentam
Rosas não sustentam
E tu, Maria.
Terás que parar.
Ainda que dolorida
Mesmo que não queiras.
Pára, Maria!
Cessa teu cantar,
Tapa os ouvidos
E te põe a caminhar.
3 comentários:
Lindo, lindo, lindo. E uma filha poeta, adotada por essa pseudo-escritora...é uma honra. Beijos, menina-poesia!
não sei quanto a vocês, mas eu, particularmente, amo.
Eita, mas essa filhota é uma escritora-nata!
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