Adoro tomate, Ketchup, gaspacho, mas poucas vezes dei atenção ao molho de tomate da pizza como naquele dia. A gente estava tão cansado que não sabíamos mais se andávamos abraçados ou apoiando um no outro, para tentar chegar no nosso destino que nos esperava depois de uma íngreme subida. Morríamos de fome quando avistamos aquela pizzaria despretensiosa, com um preço igualmente despretensioso. Em São Paulo, pagar tão pouco dava até medo. Pedimos a pizza e você queria esperar com uma cerveja. Sei que no fundo te decepcionei quando declinei o convite, mas é difícil ser menina e tomar cerveja na incerteza constante de um banheiro. Enfim, a cerveja cairia bem se logo depois dali um BR não nos esperasse. Tomei coca para o seu desgosto e para meu prazer, mas mal sabia que aquele sede matada com açúcar e algumas substâncias nada saudáveis era só o começo de um prazer inenarrável. A pizza média - deveríamos ter pedido a grande - surpreendeu mais do que poderíamos imaginar. Comíamos com tanto gosto que já se confundia a fome com o sabor sinceramente aprovado por nós. Que importa se a fome é o tempero? Importante é o prazer. Ficamos cogitando porque aquela pizza tinha tanto sabor e porque era tão melhor que as demais. Claro que a primeira hipótese foi o queijo, a frescura do manjericão, a massa crocante e na grossura correta. Nada disso surpreendia. O segredo - devidamente escondido- daquela pizza era o molho de tomate: natural, sem conservantes, nada ácido e muito, muito saboroso. Por um momento fiquei imaginando quantos mil pratos deliciosos poderiam ser feitos com aquele molho. Imagina? Você imaginou, eu acho. E, que pena, estávamos cheios e atrasados demais para pedir mais uma. Pagamos a conta e fomos embora. Eu, sinceramente, estava desolada de morar tão longe daquele molho de tomate, mas poderia sobreviver. Hoje, já sem muita fome, pagamos mais caro por uma pizza que nem tinha aquele sabor todo. Ainda assim estava uma delícia e eu desconfiei fortemente do meu senso de discernimento e bom gosto, já que andei achando tudo muito apetitoso e conveniente. Eu estava deitada no seu colo nesse momento, meu corpo se dividia em fazer a digestão e achar uma resposta para essa pergunta completamente idiota. Olhei pra você - e não que você estivesse vermelho - e me lembrei do molho de tomate. Tinha sido naquela tarde acabada de um dia que nos destruiu que eu descobri que você estava de volta, ali, sinceramente comigo. Isso temperou meus dias, salvou minha vontade de devorar incansavelmente todos esses sabores que vem junto do seu sorriso e colados ao seu abraço. Era por isso que a pizza andava tão boa. Bom, talvez seja uma pena nunca ter aprendido a receita daquele molho de tomate, mas talvez ele nem fosse tão bom assim...
Um comentário:
quero muito ter esse momento também! ainda não encontrei essa pizzaria, me passa o endereço! rs
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