segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Amor ainda

Pois o nosso final não tem fim, não, só tem amor

É preciso desapegar, é preciso deixar a vida levar embora o que não me pertence. Eu junto sacolas de bijuterias, roupas velhas e os meus tão estimados sapatos, mas não posso me desapegar de você. Você é como as bonecas que sobrevivem na casa da minha mãe, intactas e limpas, guardadas, mas não por mero capricho ou egoísmo meu, juro que não por isso. Eu deixaria que brincassem com as minhas bonecas, se elas permanecessem ali, sendo minhas. Eu acho que você vai rir com essa comparação, dizer que não é um objeto, menos ainda uma boneca, mas a verdade é outra: aquelas bonecas na casa da minha mãe são uma lembrança. Não do meu passado, nem dos meus aniversários, menos ainda da minha infância. Elas são, apenas e tudo isso: um aviso material daquilo que eu sou, para eu nunca esquecer o porquê de estar nesse mundo. Elas me lembram, no silêncio do meu armário, de que matéria eu sou feita. Elas não me deixam ter saudades de mim. Você é exatamente assim.  Eu não poderia me desapegar de você porque eu me esqueceria. Eu não posso me desapegar de você porque, é bem provável, eu já não me lembraria (e me perderia) daquilo que há de melhor dentro de mim.


3 comentários:

Adriano Godoy disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mayara Almeida disse...

Putz, sei lá.
Foi demais esse.

gipicles disse...

Assim fica difícil mesmo.