O tempo passa rápido demais pra todo mundo, mas eu estou certa e garanto que essa velocidade é pior pra mim. Eu acho que eu vivo em velocidade oscilante e que o mundo nunca vai acompanhar. Os paulistanos correm demais no metrô, me incomoda, mas não mais do que a demora da maioria das pessoas em entender um diálogo simples. Cada um tem seu tempo e velocidade é grandeza relativa pra mim, se eu algum dia entendesse física ou se ainda conseguisse paquerar físicos, eu diria a fórmula aqui, de maneira metafórica, só para corroborar meu argumento murcho e essas palavras que fazem pouco sentido pra vocês.
Dou-me com o tempo de maneira única e singular. Que bom, mas que pena. O moço que eu conheci e gostei há anos virou outro, mas ele vive no meu tempo, todo diferente. Prefiro acreditar que o quanto perdi de cabelo nesses anos todos (não só eu, mas todos as minhas jovens paixões também) tenha virado poesia em algum canto: menos fios, mais palavras. No meu mundo de velocidade relativa, meu pai sempre é o mais forte e a minha mãe é a mais linda, ambos com eternos 35 anos, enquanto eu, mais alta que eles, ainda acredito que vão me segurar pelas mãos e pular comigo a cada esquina. Mas eles não me aguentam mais. O tempo, coitado, não me aguenta mais. É claro que os meus fios brancos ainda são charme na minha juventude, mas é que tudo corre tanto e eu sempre fui aquela que preferia não correr, ia com calma, sempre sorrindo. Enquanto minha cabeça não se aguenta quieta, meu corpo para, retarda, prefere sentir cada segundo sendo marcado na pele. Talvez seja esse meu eterno paradoxo e a minha dor que nunca vai passar: o tempo se esvai, mais lento do que eu consigo conceber e muito mais rápido do que eu posso acompanhar.
Um comentário:
http://www.youtube.com/watch?v=dtBA2vGJqM8
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