Meet me in Montauk. Pensei nesse filme o dia inteiro, era como se eu soubesse que a gente começava a se perder. Lembro dele como um consolo para essa minha dor insuportável: a gente não pode se esquecer. Há algum lugar nesse mundo horrível em que a gente se reencontra. Finalmente calmo, finalmente bem...e eu vou contar os minutos na minha coruja nova para esse dia chegar. E que chegue leve, sem tantos ferimentos espalhados por ai. Você custou a entrar na minha vida, e eu fui vivendo você em etapas: imagem, voz, corpo e alma. Eu tive paciência, meses a fio. Terei de novo, por mais quantos meses vier. Não que eu tenha uma vontade doida de pedir que você fique, mas, hoje, bem melhor do que aquela que eu era antes de você, eu sei que você precisa ir...
domingo, julho 31, 2011
sexta-feira, julho 29, 2011
O tempo passa rápido demais pra todo mundo, mas eu estou certa e garanto que essa velocidade é pior pra mim. Eu acho que eu vivo em velocidade oscilante e que o mundo nunca vai acompanhar. Os paulistanos correm demais no metrô, me incomoda, mas não mais do que a demora da maioria das pessoas em entender um diálogo simples. Cada um tem seu tempo e velocidade é grandeza relativa pra mim, se eu algum dia entendesse física ou se ainda conseguisse paquerar físicos, eu diria a fórmula aqui, de maneira metafórica, só para corroborar meu argumento murcho e essas palavras que fazem pouco sentido pra vocês.
Dou-me com o tempo de maneira única e singular. Que bom, mas que pena. O moço que eu conheci e gostei há anos virou outro, mas ele vive no meu tempo, todo diferente. Prefiro acreditar que o quanto perdi de cabelo nesses anos todos (não só eu, mas todos as minhas jovens paixões também) tenha virado poesia em algum canto: menos fios, mais palavras. No meu mundo de velocidade relativa, meu pai sempre é o mais forte e a minha mãe é a mais linda, ambos com eternos 35 anos, enquanto eu, mais alta que eles, ainda acredito que vão me segurar pelas mãos e pular comigo a cada esquina. Mas eles não me aguentam mais. O tempo, coitado, não me aguenta mais. É claro que os meus fios brancos ainda são charme na minha juventude, mas é que tudo corre tanto e eu sempre fui aquela que preferia não correr, ia com calma, sempre sorrindo. Enquanto minha cabeça não se aguenta quieta, meu corpo para, retarda, prefere sentir cada segundo sendo marcado na pele. Talvez seja esse meu eterno paradoxo e a minha dor que nunca vai passar: o tempo se esvai, mais lento do que eu consigo conceber e muito mais rápido do que eu posso acompanhar.
terça-feira, julho 26, 2011
Acabou o cd, e ela saiu em busca de outro desesperadamente, antes que desse tempo de ouvir sua própria loucura. Vozes bonitas alheias sempre escamoteiam a verdadeira voz, aquela que vem da dor. Se não dói, não vem o grito, tinha dito um amigo. E é preciso gritar, ela sabia, mas preferia acreditar no silêncio; não no dela, já que havia perdido o controle sobre o que dizia já há muito tempo. Quem sempre falou foi a sua loucura, tão sádica, tão masoquista, tão charmosa; o que elas tinham de mais bonito era que se odiavam e não podiam conviver em paz. Preferia acreditar no silêncio e antes que desmanchasse o sorriso em grito, parou.
Respirou fundo, desabotoou a camisa nova até a altura do soutien. Estalou o pescoço para um lado, estalou para outro, deu um suspiro de saudade e outro de tesão. Passou o batom que combinava perfeitamente com a pele dele, último recanto do vermelho e sorriu. Do espelho, a loucura sorria de volta, ela sabia quando ganhava uma discussão e era do tipo gentil, não saia por aí cantando vitória, reservava suas vinganças diárias para momentos pontuais: tapas, arranhões, gritos, mordidas. Ai era a loucura que falava, ai só essa voz se ouvia. Olhou para baixo, da altura do salto que usava se caísse perderia a consciência. Riu para si mesma: que consciência?
quinta-feira, julho 21, 2011
Sentir saudade de uma coisa que não volta, pelo menos não agora, beira o insuportável. Hoje, eu sou mais calma, hoje eu consigo entender que a saudade não tem cura quando o amor é grande demais. Ainda prefiro evitar todas as coisas que me lembram você, dói menos, ainda que seja completamente covarde.Talvez você tenha sido pra mim a forma mais pura de saudade, porque é a forma mais pura de amor e de respeito. Mas esses dias eu ando me sentindo tão pouco pura, sabe? Acho que de onde você me olha, você consegue ver o vulcão que ferve dentro de mim, dia a dia. Eu tenho uma memória ótima para números, mas não consigo me lembrar, de maneira alguma, de quem eu era. Você se lembra? Meus amigos sempre me dizem que eu fui diferente. Uns gostam como eu era antes, outros preferem agora. Parei de usar o batom vermelho por uns tempos, dizem que tá na moda. Mas não muda o vermelho que tá por dentro, que me inunda, me pinta. Ouvi dizer que crise é mudança de realidade, que é importante, e que nunca se supera. Crises não são superáveis, aceita-se a mudança e convive-se, bem ou mal, com ela. A minha realidade é outra e eu não posso resgatar o que eu fui, nem com fotos, nem com festas, nem com falsos momentos. Mas eu continuo tentando. Todo dia eu mudo um pouco, às vezes parece que estão me tirando o oxigênio gradativamente e quando eu acho que vou morrer sufocada, eu surpreendo, a mim e a todos, e continuo respirando com o mínimo que eu tenho. É isso, eu fico me contentando com um pouco de ar, sem perceber que eu não preciso de um balão de oxigênio novo, eu preciso mesmo é voltar pra superfície e respirar o tempo que eu achar necessário, morrendo de saudade das minhas roupas velhas, dos meus velhos amigos, do meu antigo fígado, bem mais resistente: mas não de mim. Comigo eu quero continuar. O resto da vida.
terça-feira, julho 19, 2011
Eu que já não quero mais ser um vencedor...
Poucas coisas não me irritam, mas aprendi a lidar com isso, de uma maneira ou de outra. Eu consigo, efetivamente, lidar com as coisas irritantes, o que eu não consigo é fazer com que elas não percebam minha cara de tédio. Mas em relação as coisas irritantes, algumas em especial atingem regiões minhas onde o ódio se aconchega e, quando despertado, tende a se rebelar. Não que eu não seja uma pessoa calma na maior parte do tempo. Calma e egocêntrica, nem quando quero falar de coisas que me incomodam consigo parar de falar de mim. Talvez eu me incomode a mim mesma, mas tem coisas irreparáveis nessa vida.
Voltando pela terceira e última vez às coisas que irritam, tenho sérios problemas com burocracia, dinâmica em grupo e palestras de incentivo e auto-ajuda. Pior é quando a burocracia me impõe uma dinâmica em grupo com palestra de incentivo e auto-ajuda. É triste porque a burocracia tem poder e ele me sucumbe. Respirei, participando com a menor cara de tédio possível, assisti a tal palestra. "10 passos para ser um vencedor": vencer a quem ou quê?; vencer pra quê?, quem disse que eu quero vencer alguma coisa?" foram as três perguntas que eu me fiz quando vi o que seria obrigada a assistir. Continuei quieta, afinal, essa coisa de contestar não deve ser atitude de um vencedor.
Descobri, nessa palestra, que eu nunca serei uma vencedora. Não combina comigo, de qualquer maneira. As lágrimas, o whisky e o batom borrado da derrota fazem mais meu tipo, eu sempre soube. A questão é que eu tenho muita sorte e quanto mais eu erro, mais as coisas dão certo pra mim.
E eu voltei a falar de mim. Todo mundo busca se conhecer, se entender. Essa sou eu: o resultado dos meus erros que sempre coincidem com as minhas escolhas. Eu só erro, mundo. Desculpem todos os espinhos, é que tanta preguiça eu tenho de pensar em mim, em mudar. Então eu lembro de novo de um dos 10 passos: seja uma pessoa intensa para ser vencedora. Erro, erro, erro. Pobre palestrante que ganha litros de dinheiro para não saber o que está falando. Desde que eu me conheço por gente meus maiores erros tinham sempre uma causa em comum: a intensidade. Quantos pessoas ainda vão me lembrar disso? Quantas pessoas eu ainda vou machucar por ser assim? Quantas vezes eu vou me machucar tentando me segurar e explodindo logo em seguida? E eu não vou vencer assim, nem quero. Coisa chata essa de vencer: o dia de comemoração é um só, enquanto na derrota eu posso curtir meu lado perdedor, regada a uma boa bebida, todos os dias.
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