Engraçado como a gente vê as pessoas depois que as pessoas passam. Um dia você se apaixonou. E achava que eles entendiam o que você escrevia, mas eles não liam. Como a gente erra tanto? Hoje você entende que não ouviram o que você falou do Saramago, que sequer sabem quem é Almodóvar e que se preferiam ver filme dublado era por mero comodismo. Faltava ambição. Sempre vai faltar. Você se entristece, e lembra de todos os esforços feitos pra que deixassem a cidade pequena, a fofoca desmedida, os olhos da família. Eles te chamavam de alcoólatra. Não te deixavam ser sincera, nem quando você queria. E você queria tão pouco. Não vale a pena nem sentir saudade. Você foi tentar guardar as boas lembranças, quando percebeu que as boas lembranças eram mentiras suas. Aí você contabiliza as lágrimas que você deixou que caíssem, e as pessoas que machucou por quem não sabia nem sobre o que você estudava. E se perguntasse você saberia que não ouviriam mesmo. Perdoem-me todos os deuses por eu ter banalizado tanta música bonita, tanto poema bem escrito, tantas vezes a palavra amor. Pra que tanto ciúme? Se tivessem ido embora antes, talvez antes você teria visto que... Se você soubesse. Não fica nem tristeza, nem saudade, nem carinho. Fica só a sensação de pena por um tempo que podia ter sido e não foi. Não, Pessoa, minha alma é grande e mesmo assim não valeu a pena. Meu reino pra quem inventou a mudança. O universo pra quem sabe aproveita-la.
2 comentários:
que lindo, menina!
(às vezes, quando leio suas coisas, te acho um pouco - ou um tanto - parecida cmg...)
que lindo rosinha. =]
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