Madrugada. De fato, se ela realmente fumasse sairia pra comprar um maço de cigarros. Se acaso ela realmente precisasse, procuraria qualquer coisa alcoólica naquela rua vazia que trazia silêncio quando ela precisava de distração. Se, por fim, ela fosse realmente corajosa ela ligaria e diria isso, aquilo e aquilo outro. Mas ela se contenta em ficar com saudade. E saudade, de verdade, abate. Ela então diz que vai estudar. Lê, relê e sequer sabe do que se trata. Se você virasse aquele livro do contrário ela não notaria.
Ela agora tirou a música que ouvia. Tirou os sapatos, o sutien. Soltou o cabelo. Ela sabe que você prefere assim. E mesmo agora que você não faz esforço nenhum pra tira-la da frente dessa tela ela lembra de você e dá um sorriso. Ingrato. Tanto você quanto o sorriso. Mas não se preocupe, logo os olhos cansam. Os óculos não fazem mais tanto efeito. Ela vai esquecer os sapatos e o sutien na sala e ela vai descalça em direção ao quarto onde ela finge que você está.
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