Você não pode ir embora. Não agora. Você não sabe do que digo. Você nunca vai saber. Mas não vá não. Não vá. Não hoje, não esta semana, não nessa vida. Não me vira as costas porque você nunca soube o que é ficar de costas pra alguém. Nua, de corpo, vestida só da vergonha e do medo. E eu tive medo todas as vezes que você abriu as minhas pernas, deixando roxa a minha virilha. Mas agora não me assusto mais. Agora eu só queria que esse roxo permanecesse roxo todo o resto da minha vida branca. Que fosse uma tatuagem feita pelo teu prazer na minha angústia, de nunca saber, ao certo, o que fazer para te acalmar. E quando exausto, você caia em cima de mim como se eu fosse a sua cama. E os meus seios seriam seus travesseiros, e eu me sentia bem, porque eu te sentia meu. Tão pequeno, tão, inconsequentemente, meu. Mas teu coração pararia de disparar e tua respiração voltaria a ser a mesma. Você vestiria a roupa e seria a tua vez de ficar de costas pra mim. Vestido de roupa e nu de alma. Porque só assim eu te reconhecia. Mas não vai embora, não agora. Minha dor é teu prazer; tua ausência meu fim. Você me quis sua e agora eu não tenho mais outra opção. Não vai. Machuca ver tua sombra diminuindo. Machuca mais que tudo que você me fez. Não vai..fica, escuta o meu sussurro...fica..fica.